“Sou inocente e isso ficou comprovado. Estou livre, mas minha vida se transformou em um inferno”. A afirmação é do trabalhador rural, Leandro Soares, 34, preso injustamente durante 6 anos e 10 meses, acusado de um latrocínio em 2015. Ele relata uma rotina de humilhação durante e pós-prisão, já que mesmo sendo considerado inocente, toda a sociedade continua duvidando dele.
Desempregado, com limitações de trabalho, devido a uma cirurgia de úlcera perfurada, Leandro chegou a ficar sem ter o que comer e diz faria tudo para ter sua vida de volta.
Era janeiro de 2015 e Leandro trabalhava em uma fazenda em Glória D’Oeste, quando saiu do local com destino a Mirassol D’Oeste para ver sua mãe e conhecer a irmã caçula que havia acabado de nascer. Após fazer a visita, foi até o bar de uma tia, onde junto com alguns familiares e amigos ingeriu bebida alcoólica. No retorno para a casa da mãe, foi parado por policiais civis à paisana, que pediram para que ele colocasse as mãos no capô de um carro comum.
“Eu duvidei que fossem policiais e cheguei a falar que não obedeceria as ordens, mas acabei fazendo o que me pediram. Após a revista, pegaram meus documentos e falaram que eu estava sendo preso, acusado de ter roubado e matado um idoso”.
Leandro foi levado para a delegacia e conta que lá, junto com outras 7 pessoas, apanhou muito dos policiais. Depois o colocaram em uma cela separada e falaram que levariam para colher as suas digitais, para confrontar com as que foram encontradas em um revólver usado no crime.
“Mas nesse meio tempo o delegado me fez assinar um papel assumindo a autoria. Disse que se não assinasse, me levaria para o canavial (o mataria). Como já era tarde da noite e ninguém da minha família havia aparecido na delegacia, fiquei com medo de morrer e assinei o papel”.
Da delegacia, Leandro foi levado direto para a cadeia pública onde, segundo ele, passou os piores 6 anos de sua vida. “Eu apanhava de graça, era humilhado o tempo todo. Dormi durante um ano no chão de concreto e tive a úlcera perfurada por isso. Tive que operar enquanto ainda estava na prisão”.